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domingo, 4 de maio de 2008

Recife reúne mais de 1mil para Marcha da Maconha

Tenho que confessar. Desde quando eu era uma super-militante-fervorosa-das-causas-sociais-e-progressistas-da-humanidade (Assim mesmo, com muitos hífens), em mil oitocentos e bolinhas, eu já tinha um pouco de abuso de passeata. A pessoa fica suada, a maquiagem derrete, o pé dói, um inferno. Mas é lógico, a causa é justa e, portanto, merecedora de minha presença.



No caso de hoje, a Marcha da Maconha – estruturalmente falando – me fez reviver um pouco alguns momentos. Exceto o fato de que eu sempre dava um jeito de acompanhar a manifestação de cima do carro de som, a visão era basicamente parecida. Estudantes, jornalistas, músicos, atuantes de diversos movimentos sociais, muita gente com cara de quem não gosta muito de banho, além de alguns curiosos e da polícia de olhão aberto para o ocorrido.



Eu lá, trabalhando bem feliz, pude reconhecer inúmeros rostos conhecidos. Colegas de trabalho, de faculdade, de farra na época de solteira. Gente que hoje está ocupando lugares na sociedade, seja em empresas privadas ou órgãos públicos. Gente que estava ali para defender a Legalização da Maconha – Ato de muita coragem para uma sociedade de tantos tabus e preconceitos.
A Marcha da Maconha foi criada em 1999, em Nova Iorque. Desde então, um movimento disposto a discutir o assunto tem se organizado nos principais estados do País.



Este ano, a marcha foi organizada em doze estados da federação, sendo que até a concentração do ato, sabia-se apenas que todas haviam sido suspensas por liminares de Ministérios Públicos Estaduais e duas delas estavam na eminência de suspensão. O fato é que Pernambuco foi o único estado onde nem Mistério Público, nem governos estaduais e municipais, nem Polícia Federal, nem igreja, simplesmente NINGUÉM meteu o bedelho no babado.



Pode ser por motivos óbvios para o Advogado Criminalista e apoiador da marcha, Joel Câmara. “Pernambuco é um estado com tradição nas lutas libertárias. Não é possível que, vivendo num estado democrático, tivéssemos que passar por repressões contra a liberdade de expressão em pleno século XXI”, disse.



Ou pode ser pelos motivos relatados pelo Cabo Algoz, chefe da operação de segurança da Polícia Militar, mas que declarou enquanto cidadão. “O Estado gasta milhões de orçamento para repressão ao narcotráfico e permite uma esculhambação destas. Nosso trabalho fica desmoralizado”.



As reais causas da total abstenção do poder público em relação à marcha - Que, bem ou mal, defendia a legalização de um produto que, pela legislação brasileira, é considerado entorpecente, portanto, ilícito – não se sabe. Mas, de maneira organizada, apenas quem era a favor se manifestou.



Marcílio Cavalcanti, Fundador do Se Liga – Associação dos Usuários de Álcool e Outras Drogas do Estado de Pernambuco, entidade relacionada à atuação na área de redução de danos – disse que uma comissão de controle foi criada pela organização para ficar de olho nos participantes mais desinformados. “A maconha ainda é contra a lei e estamos, desde o início, deixando todos informados que não se pode acender cigarros no percurso”.



Dos muitos argumentos, ouvi inclusive que o próprio tráfico era contra a legalização. Faz sentido, levando em consideração que isso iria interferir para a regularização da comercialização. Mas as entidades fizeram questão de colocar em pauta assuntos como impostos, uso medicinal, utilização da fibra da canabis sativa na indústria têxtil, além de uma discursão ainda mais recente: a utilização da semente como bio combustível e óleo vegetal.



Com tanto assunto para se debater, no mínimo dos mínimos, a marcha serviu para iniciar a discursão. Se vai proibir, se vai liberal, se vai acentuar a descriminalização – já em vigência, isso é só o tempo e a construção das idéias quem vai dizer.



A concentração da Marcha iniciou às 14h, na Rua do Apolo – Recife Antigo. Os participantes só saíram em passeata às 16h carregando faixas. Cerca de 220 atos foram organizados mundialmente em centenas de cidades. No Recife, mais de 1mil pessoas marcaram presença e nenhuma ocorrência foi registrada. Em Curitiba, seis pessoas foram detidas. Em Salvador foram oito prisões.

6 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho!!!
mas acredito que não pode ser um fato isolado,a discriminalização ou legalização é uma batalha que só começou.Muitas águas ainda vão rolar...

Anônimo disse...

Pernambuco mais uma vez sai na frente nas lutas libertárias.

Unknown disse...

Aew Manu....em Fortaleza foram 19 presas...das 19 que participaram....ehehehe....vc lembra ainda a letra daquela musica hit dos anos 70..." GATA TU TAH TRAVADA"? SE LEMBRAR DA O TOQUE...
Abraço
JLUis Fortaleza-Ce.

Anônimo disse...

Manu, teu blog tá ótimo. Tu tem estilo, vê se continua postando e esotu esperando pela série de reportagens sobre o submundo fedorento e de pouca higiene pessoal do movimento estudantil.
Beijo, parabéns.

Anônimo disse...

Taí,espaço legal e com tema contemporâneo,sem frescuras e mais mais mais...
gostei da abordagem,só não gostei da galera com cara de sujo rsrsrss...
parabéns.

Anônimo disse...

um dos motivos da descriminalização da maconha é o desmenbramento da maconha das drogas pesadas e dav legalização para que eu possa pagar impostos pelo meu consumo mas espero que o chefe da operação de escoltamento da marcha um dia não precisara nem escoltar nem prender ou perder tempo com usuario de maconha e passe a execer sua verdadeira função a de prender,ladrão assacino,estuprador,corrupto...