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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A chave do poema

Escrevi um poema, tinha cheiro de amor. Nas lembranças cada letra dizia respeito a uma parte de você. Escrevi ‘castanhos’ quando falava dos teus olhos e ‘doce’ quando o assunto era teu beijo. Escrevi ‘aconchego’ pensando no teu abraço e ‘especial’ quando sentia teu coração.

Escolhi um papel bonito, com textura de tinta de parede. Envelopado, agradeci ao tempo, fiz uma marca de batom cor-de-rosa e o pus na gaveta, dentro de uma caixinha-baú pequena com um fundo falso. E cada uma daquelas palavrinhas escritas ficou lá guardada; e guardou-se também o amor e aquele carinho. E assim, o que era bom foi conservado, porque daquela gaveta, sou eu e somente eu a única que tem a chave.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Dicotomia

Eu hoje escolhi a lua. Em um dia mais sensível que os outros, meus olhos caídos - em dicotomia completa com a euforia do carnaval -, eu pensei em ti. Confudi tua voz e enxerguei na barba alheia a tua, e até o teu nariz. Depois me senti sozinha. Quis de novo pra mim o teu hálito e aquele monte de frases intermináveis. E enquanto os teus códigos de som me dizem que não, eu sempre lembro dos teus olhos castanhos dizendo que sim, e do seu sorriso de acordo, totalmente de acordo.