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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Comércio justo movimenta R$ 8 bi

Nos últimos quatro anos, foram criados quase oito mil projetos solidários

Manuella Bezerra de Melo e agências

De 2003 a 2007, foram criados quase oito mil Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) no Brasil, conforme os novos dados do Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES), coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Até 2007 foram cadastrados 21.859 Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), onde participam 1.687.496 pessoas, sendo 62,6% homens e 37,4% mulheres.
O SIES revela também que o valor médio mensal dos serviços e produtos do total dos empreendimentos chega a R$ 653 milhões de reais, ou seja, são quase R$ 8 bilhões gerados por ano na Economia Solidária. Deve-se considerar que esse potencial de geração de riqueza e de melhoria de renda para os associados poderá ser ampliado com as políticas públicas de Economia Solidária que estão sendo implementadas.
Nesses quatro anos envolvidos no levantamento, uma média de 1,5 mil novos empreendimentos foram criados a cada ano. Para se ter uma idéia desse crescimento, na década de 1990, a média de criação de novos EES era de 855 por ano, segundo informações da agência de notícias do Ministério do Trabalho e Emprego.
Sendo comemorado hoje o dia do Comércio Justo, o Nordeste se destaca, pois abriga o maior número de EES, obtendo 43,5% do total dos registros. Só em Pernambuco, 1.524 novos empreendimentos foram criados, chegando até a 88 mil cidadãos beneficiados, sendo 38.525 mulheres e 50.367 homens. Em segundo lugar está o Sudeste, com 17,9%, seguida pela região Sul com 16,4%. As regiões Norte e Centro-Oeste representam 12,2% e 10,1%, respectivamente.
A Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) iniciou o mapeamento da Economia Solidária em 2005, com o cadastro de 14.954 EES, em 2.274 municípios. Em 2007, foram mapeados mais 6.905 EES, superando a meta inicial que era de mapear cinco mil novos empreendimentos. Até o momento, foram mapeados 52% dos municípios brasileiros.



Shopping promove empreendimentos

Até o próximo domingo, está sendo realizada a III FECOMSOL (Feira de Comércio Solidário), que reúne dezenas de grupos produtivos, como artesãos e pequenos empreendedores rurais e urbanos para mostrar de suas produções. O evento está sendo realizado no Paço Alfândega, no Recife Antigo, e funciona no mesmo horário do estabelecimento.
Além de divulgar o conceito de economia solidária - entendida como estratégia para enfrentar a exclusão social e a precarização do trabalho - a terceira edição da feira objetiva realizar uma exposição que possa criar um espaço favorável à comercialização de mercadorias confeccionadas por pessoas que se encontram vulneráveis ao mercado convencional.
Produtos em cerâmica, ferro, palha, material reciclado - todos vindos de projetos ligados à capacitação de mão-de-obra sustentável para populações excluídas de economias tradicionais, como indígenas, detentos, jovens em situação de risco - são confeccionados, vendidos e o lucro repassado para o produtor em forma de renda solidária. O evento é uma iniciativa da organização não governamental Aquatro - Agência de Qualificação e Trabalho - em parceria com a Ferreira Costa e o Paço Alfândega.
Segundo a Coordenadora de Comércio Solidário da Aquatro, Verônica Ribeiro, este tipo de atividade econômica tem papel fundamental para inclusão social através da capacitação. “Incentivar a economia solidária significa trabalhar a auto-estima destes produtores que, em sua maioria, não têm nem acesso aos serviços de créditos para investirem em seus negócios”.
É o caso da voluntária da Organização Não-Governamental Dignidart, Ana Maria de Freitas. A ONG trabalha com reeducandas em regime semi-aberto da Colônia Penal Feminina Bom Pastor. “A maior parte delas continua sendo provedora da sua família e poder contribuir com o orçamento significa muito para elas”, comentou. No total, 20 grupos participam da feira e 420 pessoas se beneficiam do projeto. Além da Dignidart, participam o Projeto Amba, a Tapeçaria Timbi, Casa Pró-Cidadania, Escola Livre de Olinda, Grupo Ética, Rede Solidária e Assossiape.



Segmento precisa de mais apoio

Apesar de já movimentar quase R$ 8 bilhões por ano, o Governo Federal tem liberado uma verba de R$ 40 mil para o apoio de novos grupos voltados para o comércio solidário. “Tudo faz parte de um processo de construção. Aos poucos, temos conseguido expandir a idéia e conquistar espaços”, relatou a gerente de Políticas Públicas da Superintendência Regional do Trabalho e representante da Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) em Pernambuco, Vera Jatobá.
Segundo Vera, há um planejamento de criar um conselho institucional e deliberativo ligado ao Governo de Pernambuco. “O governador Eduardo Campos já nos demonstrou uma pré-disposição à idéia. Agora vamos aguardar os trâmites burocráticos”, finalizou. Entre as iniciativas locais, a Usina Catende, a 142 km do Recife, é considerada o maior empreendimento solidário do País. Ainda no mês de março deste ano, Catende teve a melhor safra dos últimos 18 anos e alcançou a produção de 1 milhão de sacas de açúcar.



FONTE : www.folhape.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

arrasa amiga!

;*