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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Madaleine - Parte I

À direita, ela não escondia mais vontades. Enquanto ele matava a sede, debruçou-se com a mão esquerda nas próprias partes. Devagar, dedicou-se a si mesma com entusiasmo de quem não estava sendo totalmente ignorada. O olho dela invertia. A coluna transpirava de desejo. Era assim sempre, a cada intervalo enquanto não estava dedicando-se a encarnar a Pagu, ou até mesmo atualizando novas leituras à Madame Bovary. Naquela hora, especialmente naquela hora, a boca insistira em salivar, e exalava um cheiro doce.

Ele levantou, beijou-a na cabeça com um carinho fraterno que ela dispensava. Virou as costas, sujou o carpete com o sapato e bateu a porta. Na cama, nem os olhos abriu. Determinada em suas próprias vontades, mostrava os seios à todos que ali não estavam, e devorava com as mãos um público inteiro que jamais presenciou o espetáculo, mas que ela escutava os aplausos sempre antes de levantar.

A intimidade com a cama a fez adormecer os olhos, enquanto o corpo incansavelmente funcionava. Despertou em poças. A pele clara tinha placas vermelhas. Sentiu falta dele à cama, mas somente por um instante. Na sala, as marcas do sapato no carpete. Era rotina. Ela limpara, e elas voltariam. Ainda úmida, despida, satisfeita, abriu as cortinas. Amanhecia e a cidade luz já mostrava daquela janela um pedacinho do Obelisco de Luxor quando a campanhia tocou.

Madelaine não esboçou reação, não havia surpresa. Ansiosa, esperava. Caminhou à porta. Completamente nua, girou a maçaneta e a encontrou. Valentine entrou em um silêncio, mas na face, um sorriso gritava bem no canto da boca de lábios pálidos e magros. Elas tinham os mesmos olhos. O mesmo cheiro, o mesmo gosto de carne crua. E Empoçaram-se naquela fome, numa batalha de peles alvas e línguas ácidas que não terminara antes de um novo amanhecer em Paris.

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Parte do Mundo de Alice

Deitada à beira da piscina, na única casa murada daquela rua, a menina abria e fechava os olhos bem devagar. O corpo inteiro estava fora dágua. E com os braços, segurava uma flor. Os raios da manhã iam penetrando, doces, na sua pele. E girava, girava, abrindo, por vezes, as pálpebras para assistir as cores.
Enquanto isso, a cabeça, até as orelhas, estava submersa, tapando somente os ouvidos para que ela pudesse ouvir o barulho apenas do silêncio da água.

A cutis era branca como nuvem. Os olhos azuis e os cabelos loirinhos, que balançavam molhados.

Num dia de sol, ela decidiu que tomaria banho de piscina. No caminho, colheu uma papoula cor de rosa tão bonita no canteiro do jardim que seria incapaz de soltar. O sol estava tão gostoso. Indecisa, ela ficou com os três.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Amontoado de palavras sem sentido

Do mesmo jeito, sempre e sempre meu sorriso vai além daqueles brandos raios de melanina que atravessam o vidro da janela bem às seis horas da manhã. E me agarro no lençol, numa tentativa louca e contínua até estar realmente convencida que é preciso levantar. Pés desnudos encalçam o chão, recolhendo os pontos de poeira no caminho até o lavabo. A água fria que choca os poros dá vida à vida. É mais um dia. Bom dia àquele dia que amargamente desejei não ter chegado. Não quero me esconder. Nem me justificar. Não pretendo me conter, ater, proceder. Não sou poetisa. Não sei escrever palavras em rima, menos ainda se for preciso que elas façam sentido. Escrever sobre esse dia, especialmente ele, não poderia ter lógica. Dele não poderia sair ritmo.
Dedicado no subconsciente a estender minha imaturidade hormonal, era o momento, o dia de interiorizar a desorigem dos desejos, e eu ainda nem sabia. Nenhuma expectativa me rondava, do mesmo jeito que o céu nublado e que a formação das nuvens, que arrodiavam a minha circunferência capilar enquanto se misturam aos balõezinhos de pensamentos. E na hora que os olhos diziam aqui, e olfato alertava ali, o som de gordos beiços rosados estralando palavras mostrava-me o caminho. Era ali, era ali a desorigem do desejo. Ao menos agora. Ao menos por hora, se manifestava sem o mínimo sentido, submergido de um dia confuso, de palavras confusas, de olhares sem lógica, de um gosto escondido. E confuso estava, e confuso ficou. Fazendo sentido algum aquele desejo, acompanhando versos e palavras mal colocadas, na tentativa de explicar a inobviedade da palavra – e da vontade –inventada. Porém sentida. Deliciosamente sentida.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Coragem é de trazer lembranças

Vou seguir sem medo,
Sem preconceito,
Sem esperar aplauso,
Vou fazer o que tem que ser feito.
Tô pedindo a Deus coragem
Coragem prá prosseguir
O homem na estrada é filho de Deus
Filho da puta se não seguir!
É nessas horas que se comprova,
Se Deus existe mesmo.
Este mundão lá fora
E até a coragem tem seu preço.
Levanta a cabeça, lembra da sua mãe
Que como um milagre te trouxe à vida
Agora é contigo, cumpadre (cumadre),
Se vira.
Quem é que nunca teve medo de mudar?
Quem é que nunca pensou em desistir?
Mas e aqueles que conseguiram chegar lá?
E aqueles que conseguiram " ser feliz" ?
Quem é que nunca quis experimentar?
Quem é que nunca tentou se iludir?
Fico com aqueles que fizeram como era de se esperar,
Deixaram o coração decidir!
Coragem,
Tô pedindo a Deus para ele mostrar coragem!

Wagner Merije

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Aliterices poéticas

Você q não é poeta,mas gosta de aliterar.Não tenha medo do facebook,jogue palavras ao ar.Não precisa temer,considerar o julgar.Tem q vomitar demônios,arriscar,exorcizar.

Mas se por um momento a insegurança bater,aprecie o textinho e guarde no HD.A graça das palavrinhas é se reconhecer,esquecer o arquivo e,lá na frente,reler.

Relembrar momento é cultivar o sentimento,é acordar naquele mundo,reviver o sofrimento.Sempre q isso acontece, é batata,reafirmo.Coração desacelera,amansa, abre sorriso.