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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Dia sim, dia não

Eu sorrio e choro. Dou e arranco lágrimas.

E dia sim, dia não, abro risadas da minha desgraça

Acordo sem medo, de peito aberto, aguerrida

Sigo pra luta olhando nos olhos de quem me rodeia

Despejo gargalhadas e vomito as emoções

Apresento-me pro mundo como quem

Se afunda numa lata de estrume

Assumindo todos os bônus e ônus que isso acarreta

E dia sim, dia não, prósto-me no sofá cor-de-telha

Bem nas ventas da janela,

tomando vento e tecido de cortina nas fuças

E buscando o amor das almofadas coloridas

E aí então eu me inquieto, visto branco, me pinto

Sigo pra o mundo em busca de amortecer a dor

Derramo sangue pelas canelas em ritmo de música

Sentindo, com prazer, gota a gota escorrendo pelas pernas

Abraço o universo, aprecio os primeiros raios do sol

como quem está certo que pode protegê-lo

Mas dia sim, dia não, fraquejo, estremeço

Sinto medo, pavor e nojo. E me recolho, dobro os joelhos

Me curvo, choro, oro e peço amor

E dia sim, dia não, reencarno

Morrendo na noite anterior

E ressuscitando na manhã seguinte.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Dança, homem

De carne e entusiasmo, nasceste. Não é como os outros. Não é melhor. Não é pior. É diferente. É de um tipo raro. Tipo que acredita, e arde, e ferve, e treme. É de um tipo que carrega, assume, debruça, arrisca.Que segura a bandeira. Tremula. E sofre. Sofre toda dor que rasga estômago. E simplesmente porque faz muito mais sentido sofrer.

É coragem, isso. Sofrer a sentir-se alheio, escondido, ensaboado. Sofrer por escolher, optar, sofrer por posicionar. E não só isso. E bem mais. Doce encanto da verdade que conduz a dança de quem dança sem pudor.

Dança, homem!

Dança sem pudor. Porque esta dança diz respeito a ti. E tu bem sabes que é de dança que sobrevive tua carne. E tua alma.