Eu sorrio e choro. Dou e arranco lágrimas.
E dia sim, dia não, abro risadas da minha desgraça
Acordo sem medo, de peito aberto, aguerrida
Sigo pra luta olhando nos olhos de quem me rodeia
Despejo gargalhadas e vomito as emoções
Apresento-me pro mundo como quem
Se afunda numa lata de estrume
Assumindo todos os bônus e ônus que isso acarreta
E dia sim, dia não, prósto-me no sofá cor-de-telha
Bem nas ventas da janela,
tomando vento e tecido de cortina nas fuças
E buscando o amor das almofadas coloridas
E aí então eu me inquieto, visto branco, me pinto
Sigo pra o mundo em busca de amortecer a dor
Derramo sangue pelas canelas em ritmo de música
Sentindo, com prazer, gota a gota escorrendo pelas pernas
Abraço o universo, aprecio os primeiros raios do sol
como quem está certo que pode protegê-lo
Mas dia sim, dia não, fraquejo, estremeço
Sinto medo, pavor e nojo. E me recolho, dobro os joelhos
Me curvo, choro, oro e peço amor
E dia sim, dia não, reencarno
Morrendo na noite anterior
E ressuscitando na manhã seguinte.