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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Linha, agulha e asas


Nas veias, uma espécie de veneno
Tenho sede de rasgar a alma
Montar e dilacerar sonhos
Só pra sentir tudo de uma vez
E reconstruir costuras depois

Não gosto de vogais, nem de artigos
Não aceito cautelas, medições e cagaços
Detesto voz mansa, mão frouxa e reticências
Não tenho medo do escuro, nem do oculto
Também não me amedronta o declarado

Simplesmente não tenho medo
Debruço meu corpo no precipício
Olho e sinto, céu, chão e horizonte
E certa que caída ou arremessada
Tudo que surge em mim são asas.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

O Conto da menina negra

Um conto para o dia da consciência negra
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Quando eu era pequenininha, eu vi uma menina dançando. Ela tinha alguma coisa especial na cintura. Devia ser algum osso a menos, fazia ela se mexer como a flexibilidade do vento. Ela era linda, os lábios grandes, os cabelos tinham tranças; o sorriso era enorme. Tinha um quê de sofrer lá no fundo do olho, e curioso como isso a deixava mais grandiosa; com a espinha comprida e ereta.
Era a menina negra de saia rodada de flor, dos olhos de luz e de dor; aquela que me ensinou a mexer as juntas com o calor do meu coração, a sorrir com todos os dentes da boca. E que me ensinou que ser da maneira que se é, é a grande valiosidade de estar vivo.  

Sorriso,ladeira e luz

Eu sou um sorriso
que sobe ladeira
E desce ladeira
num rastro de luz

domingo, 4 de novembro de 2012

Desanônima

Arejo poros de vento em vento
Sorrio com as ventas e sigo
Digo o que há pra ser dito
E o não dito,não há a dizer

Mas não permito omissão
Não entendo indiferença
E me incomodo com o vulgar

Caminho como o ar e o sopro
valorizando força e leveza
E mostrando tudo em mim
Por entre letras,sons e rugas

E quem me olha
E enxerga anônima

É porque a mim,
Nunca viu.