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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Lágrimas e Uísque

Eu queria hoje inundar o mundo inteiro

E de tanto pranto, afundar o chão

Eu queria hoje deixar toda maré

descer do meu olho

E de tanta água, afogar até o rio

Eu queria hoje escrever um poema

Um poema que falasse de dor

Mas to tão inerte que nem consigo

Eu queria era chorar, mas chorar

E chorar muito

Chorar até cair a bola do olho

Queria dizer que to cansada

Que estou sem saco, farta

E que tem um sufoco, um sufoco enorme

Bem no meio do meu pescoço

Eu queria ficar prostada, acabada, derrotada

Queria me deixar vencer, nocauteada, morrida

Eu queria ser fraca, me entupir de psicotrópicos

Usar drogas e virar alcoólatra

Tudo pra justificar minha dor

Queria entrar pra igreja, me agarrar em deus, apostar na fé

Queria ir no terreiro fazer um trabalho pra desfazer o trabalho

Ou, talvez, no centro pra uma irmã me tirar o encosto

Queria ter certeza que vai dar tudo certo

Ou até mesmo que vai dar tudo errado

Mas não sou otimista, nem pessimista

Vivo essa merda de vida real somente respirando

Acordando todo dia pra fazer tudo de novo

E fudendo a alma por um prato de comida por dia

E cinco doses de uísque no final de semana

3 comentários:

Tatiana Notaro disse...

Porra. Pesado. Identidade total.

Anderson disse...

Profundo.

Danilo disse...

Bom pra caraléo !