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terça-feira, 1 de julho de 2008



30/06/2008

Turismo GLBT: Pernambuco ainda está atrasadoFalta investimento para mercado formado por 9,4 milhões de pessoas no País


ANA CRISTINA: “O turismo GLBT está apenas engatinhando por aqui”

Manuella Bezerra de Melo



Em todo o mundo, o Turismo GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) tem se tornado uma potência do trade turístico. O Brasil já ingressou nessa tendência, porém Pernambuco não conseguiu sequer dar o primeiro passo e tem perdido uma fatia do mercado conhecida por ser consumista e exigente. Em todo o País, são 9,4 milhões de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros economicamente ativos, que somam US$ 100 milhões em poder de consumo. Mesmo com essas cifras, apenas três hotéis e duas agências de viagens são destinadas a este público no Estado e nem a iniciativa pública nem a privada explora este potencial.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Departamento de Marketing e Comunicação da Universidade Paulista (Unip), desses 9,4 milhões de GLBTs economicamente ativos, 70% viaja quatro vezes por ano e 30%, entre quatro e seis vezes. Para o presidente da Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), Franco Reinaudo, este alto consumo no setor de lazer é oriundo das prioridades deste público. “Enquanto os heterossexuais têm gastos exorbitantes com filhos, o turista GLBT destina sua renda à cultura e ao lazer, o que os faz viajar 30% a mais do que os heterossexuais”.
Por ironia, o Recife está entre os seis destinos mais procurados pelo público GLBT. Ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo, Florianópolis, Salvador e Ceará, a capital pernambucana está no topo da lista de preferência de viagens para esse tipo de turista. Mas ainda falta muito para o Recife se tornar um gay friendly. “O turismo GLBT está apenas engatinhando por aqui. É preciso fazer um trabalho de base que mostre aos empresários o potencial deste mercado e o quanto se pode ganhar dinheiro com isto”, disse a coordenadora do Projeto de Sensibilização Turística da Secretaria de Turismo da Prefeitura do Recife, Ana Cristina Moraes, que objetiva preparar mão-de-obra para atendimento de públicos especializados.
Em Pernambuco, poucos estabelecimentos são voltados especificamente para esta parcela que procura o turismo gay. Além disso, não existem pesquisas ou programas públicos ou privados que dêem indicativos ou números do quanto este mercado mundialmente milionário movimenta no Estado. “Quando a sociedade despertar para a diversidade, vai perceber como este público tem perfil econômico diferenciado e o quanto ele está disposto a gastar”, completou.





30/06/2008

Parada Gay é principal destinoEvento, realizado em São Paulo, atrai público diverso de todo o País




Festa é a segunda maior arrecadação da capital paulista

Manuella Bezerra de Melo
Sem dúvidas, o principal destino gay friendly do Brasil - e até do mundo - é a Parada Gay de São Paulo. O evento está na vice-liderança da arrecadação do município paulista com turistas. Para este ano, a arrecadação estimada ficou em cerca de R$ 189 milhões, atrás da Fórmula 1 (R$ 200 milhões), mas ultrapassando a Virada Cultural (R$ 90 milhões) e o Carnaval (R$ 30 milhões).
Não é para menos. De acordo com uma pesquisa realizada pela Empresa de Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo (SPTuris), os visitantes deixam, em média, R$ 1,2 mil na cidade, passando entre quatro e cinco dias no local. Este ano, a 12ª edição da parada do Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Transgênero aconteceu no último dia 25 de maio e reuniu cerca de 3 milhões de participantes, sendo 327 mil turistas na cidade. No total, 22 trios elétricos arrastaram uma multidão pela Avenida Paulista.
O funcionário público Rildo Veras tem sido freqüentador assíduo das paradas GLBTs. Em 2006 e 2007 ele foi para o evento realizado em São Paulo. No ano passado, chegou a gastar R$ 1,5 mil, mesmo tendo conseguido a passagem aérea em promoção. Mas o custo não importa para ele. “Bem que gostaria de ter ido este ano, mas tive um compromisso no dia. Meus amigos foram e eu fiquei aqui, morrendo de inveja, lógico”, disse. “Se tudo der certo, para compensar, em setembro vou conhecer a do Rio de Janeiro, que dizem que é muito boa”.
Nenhuma organização pernambucana promoveu caravanas para a parada deste ano. Apenas alguns grupos isolados foram prestigiar o evento por conta própria. A 7ª edição da Parada da Diversidade de Pernambuco está marcada para setembro. No ano passado, o evento reuniu cerca de 50 mil pessoas na avenida Boa Viagem.


6/30/2008

Recife procura parcerias para setor

De acordo com a Associação Brasileira de Turismo para Gays, Lésbicas e Simpatizantes (Abrat-GLS), apenas a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) procurou a entidade em todo o Estado. Esta iniciativa gerou uma reunião entre a coordenadora do Projeto de Sensibilização Turística da Secretaria de Turismo da PCR, Ana Cristina Moraes, e a direção executiva da entidade no último dia 22 de maio, em São Paulo. A reunião tratou de parcerias para o Turismo GLBT local, mas ainda não existe nada formalizado. “Vamos pleitear apoio para transformarmos o Recife em um destino reconhecidamente gay friendly. Para isso, vamos juntos preparar a cadeia produtiva do turismo local”, disse Ana Cristina.
Já em nível nacional, a leitura do tema tem avançado. O Ministério do Turismo percebeu o potencial deste mercado e iniciou algumas ações que podem contribuir para o crescimento do Brasil como destino e exportador do Turismo GLBT. São atividades como promoção do Brasil como destino gay friendly no mercado global, fomento do turismo GLBT como forma de incrementar a receita econômica e a inclusão social - principalmente nos seis principais destinos procurados, que inclui o Recife - e participação em eventos e feiras internacionais no segmento, além de captação de eventos internacionais para o Brasil.
Mas, sem dúvida, um destaque considerado pioneiro é o hot site Loveland (
www.theloveland.net), que entrou no ar pela primeira vez em 2007. A ferramenta foi elaborada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), com o auxílio da Agência Click e parceria da Abrat-GLS e da Associação da Parada de Orgulho GLBT de São Paulo (ApoGLBT). Nele, é possível encontrar informações turísticas, programação cultural, pacotes, ringtones e download para fotos. O objetivo é informar o turista estrangeiro que vem ao Brasil para a Parada do Orgulho Gay de São Paulo - hoje considerada a maior do mundo, com mais de 2 milhões de participantes -, além de incentivar outros destinos gay friendly no Brasil.

30/06/2008

Estado tem paradas obrigatórias


PRAIA de Gaibu é conhecida pela grande freqüência do público GLBT

Apesar de ainda não ser considerado um destino gay friendly, alguns detalhes fazem de Pernambuco um dos destinos mais procurados para turismo GLBT. As belezas naturais paradisíacas e os pontos culturais atraem turistas do mundo inteiro, inclusive gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. E o roteiro do turismo GLBT em Pernambuco exige paradas obrigatórias.
As praias de Gaibu e Calhetas, há 30 minutos do Aeroporto Internacional dos Guararapes/Gilberto Freyre, é um destes destinos. O lugar, considerado um paraíso dentro da Região Metropolitana do Recife, é conhecido pela freqüência assídua do público GLBT. Segundo o editor da revista Guia GLS do Recife, Josuel Barbosa, a praia já tem tradição de freqüência homossexual. “Muito antes de estourar o Turismo GLBT no Brasil, Calhetas e Gaibu já tinham um movimento natural de ponto de encontro”, disse ele.
Quem gosta de balada forte não deixa de passar na Metrópole. A boate é considerada a maior do gênero no Estado e costuma trazer artistas importantes, geralmente ligadas à musica eletrônica. “Temos outras casas noturnas GLBT mas, sem dúvidas, a Metrópole é a maior e mais estruturada”, relatou Barbosa.
Outro ponto conhecido é a Galeria Joana D’arc, no bairro do Pina. O local tem desde restaurantes até lojas de roupas, e ficou tão conhecido na cidade pela freqüência do público gay, que acabou virando referência. Hoje, o local recebe todo tipo de público, que se rendeu ao ambiente. “A galeria têm perdido a essência exclusivamente gay. Hoje, vão gays, mas também vão casais heterossexuais, inclusive com suas famílias. Mas é necessário dizer que foram os GLBTs quem fizeram aquela casa crescer”, finalizou Josuel Barbosa. Além disso, o público GLBT conta ainda com cinco cinemas e três saunas, sendo todos estes estabelecimentos no Bairro da Boa Vista, considerados reduto GLBT.

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