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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Menina-pereba

Eu tenho as unhas roídas
Nunca fui uma mocinha
Meu joelho conta histórias
que não são de princesinha

Tropecei, caí no chão
Me trepei num pé de coco
Troquei tapa com moleques
Já levei até um soco

Nunca tive paciência
Para pentear boneca
Meu negócio sempre foi
Pular e jogar peteca

Cada carreira que eu dava
Me rendia uma pereba
O zamboque do meu dedo
Poucas vezes dava trégua


Só bem depois que eu cresci
Aprendi a passar batom
Mesmo hoje, ainda assim
Nunca acertei o tom

Me joguei nas aventuras
Me ralei no corpo inteiro
se não gosta de feridas
nem olhe o meu cotovelo

Dei umas risadas altas
Consertei encanamento
E, pra mim, matar barata
Nunca foi nenhum tormento

Quem me olha acha estranho
Mas eu sou feliz assim
sem talento pra frescura
Ontem, hoje e até o fim 

E se você aí se importa
em ver minhas cicatrizes
essas são as mais rasas
de todas as marcas que tive

3 comentários:

Fifi disse...

Que lindooooooo!

Anônimo disse...

Rasas. Com "S". ;)

Anônimo disse...

*P.s: tu publicaste os ultimos textos com príncipe do sol.