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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Amontoado de palavras sem sentido

Do mesmo jeito, sempre e sempre meu sorriso vai além daqueles brandos raios de melanina que atravessam o vidro da janela bem às seis horas da manhã. E me agarro no lençol, numa tentativa louca e contínua até estar realmente convencida que é preciso levantar. Pés desnudos encalçam o chão, recolhendo os pontos de poeira no caminho até o lavabo. A água fria que choca os poros dá vida à vida. É mais um dia. Bom dia àquele dia que amargamente desejei não ter chegado. Não quero me esconder. Nem me justificar. Não pretendo me conter, ater, proceder. Não sou poetisa. Não sei escrever palavras em rima, menos ainda se for preciso que elas façam sentido. Escrever sobre esse dia, especialmente ele, não poderia ter lógica. Dele não poderia sair ritmo.
Dedicado no subconsciente a estender minha imaturidade hormonal, era o momento, o dia de interiorizar a desorigem dos desejos, e eu ainda nem sabia. Nenhuma expectativa me rondava, do mesmo jeito que o céu nublado e que a formação das nuvens, que arrodiavam a minha circunferência capilar enquanto se misturam aos balõezinhos de pensamentos. E na hora que os olhos diziam aqui, e olfato alertava ali, o som de gordos beiços rosados estralando palavras mostrava-me o caminho. Era ali, era ali a desorigem do desejo. Ao menos agora. Ao menos por hora, se manifestava sem o mínimo sentido, submergido de um dia confuso, de palavras confusas, de olhares sem lógica, de um gosto escondido. E confuso estava, e confuso ficou. Fazendo sentido algum aquele desejo, acompanhando versos e palavras mal colocadas, na tentativa de explicar a inobviedade da palavra – e da vontade –inventada. Porém sentida. Deliciosamente sentida.

Um comentário:

Perotto disse...

Favoritadíssimo teu blog, Manu! Um parabéns bem gordo. Há quem dê a vida por um propósito e há quem só dê um bocejo. E bem bacana perceber essa tua inquietude toda, seja vinda de um café ou da própria seiva da vida e que contagia pra cacete. Clap! Clap! Clap!