Enrolada
Amontoa
Assim, feito minhas idéias,
meu cabelo pixainha
Sobrevoa
Quanto mais cresce
Menor fica
Pelos como buracos
Negros em mim
Eu, mulata ou a fim
de ser
Enrolados, como eu
Danada! Como meu
ser vaidoso
Como eu
Espaçosa, descarada
Grandes fios misturados
Me misturando ao mundo
E a me negar a boa educação
Do fino (e liso) trato
Ah, meu cabelo...
Não é por rebeldia
É por ser meu pêlo
Meu belo cabelo
Não por isso, não por conquista,
Por direito e
Por tê-lo, assim:
cabelo, xaxim, pixaim
Cabelo ruim?
Ruim sou eu
Que o levo em cima de mim
e ainda me enfeito
De flores e batom carmim
Ruim é você, pra você!
Que me acha linda
E quer
Ser ao menos metade mulher
ainda...
Vai, me deixa
Ser bela!
Já não sou mais aquela
A pensar em certos caimentos
Sociais
Do contrário
A balançar meus cachos impermeáveis
Forteleço o corpo,
a alma,
e a história dos meus ancestrais.
Agora passa e dá uma olhada
Assim, como quem não quer nada
Se envergonha e pensa:
Não são, mesmo, esses negros cabelos
sensacionais?
De Isadora Dias para os cabelos que Deus lhe deu....
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